O projeto do pavilhão “The ContemPLAY” é uma iniciativa liderada por estudantes do Directed Research Studio (DRS) da McGill School of Architecture, em coordenação com a Facility for Architectural Research in Media and Mediation (FARMM), investigando novos métodos de prática. O projeto apresentou uma oportunidade única para os estudantes em aprender através da experiência prática num contexto acadêmico. O pavilhão ocupa uma área de 8,8m x 6,7m com uma altura total de 3,7m na frente do edifício Macdonald-Harrington no campus da universidade de McGill, em Montreal.
A Como principais elementos estruturais estes reforços experimentam ambas as forças axiais e de flexão. São feitos de duas camadas transversais às duas superfícies do volume, uma série de tubos galvanizados com extremidades achatadas que formam o grosso da estrutura espacial. As ligações são feitas através de dois tipos de articulações com placas de aço: a primeira uma ligação imobilizada para tubos de aço; a segunda liga os tubos de aço com as nervuras. Apesar dos ângulos de geometria compostos, esta articulação também tratou as forças principalmente axiais.
A complexidade da geometria do pavilhão cria uma oportunidade única para realizar pesquisas através da modelagem paramétrica e fabricação digital. Modelagem paramétrica consiste em estabelecer um conjunto de relações dinâmicas geométricas para a produção de uma entidade com dimensões fixas. Sua principal vantagem reside na exploração dum design rápido e flexível: os designers podem desenvolver protótipos virtuais, e, simultaneamente, testar as implicações das mudanças em cada uma das restrições multidisciplinares que dão forma ao projeto.
A escolha pela fita de Moebius como gerador formal do projeto, que acabaria por exigir um grande número de componentes similares e únicos para resolver a curvatura em constante mudança. Para lidar com a complexidade formal do projeto, a equipe escreveu um programa personalizado em Grasshopper e vb.net para gerar iterações de projeto, criar provas conceituais e mock-ups. Por exemplo, este tipo de modelagem paramétrica desempenha um papel decisivo na avaliação da influência perceptiva da estrutura armada no espaço sobre o efeito pretendido sob a óptica de seus revestimentos.
Um princípio orientador no projeto do programa do pavilhão foi a estática mínima e máxima derivação dinâmica. Este programa necessitava de apenas duas simples entradas geométricas: uma digitalmente modela pela superfície da fita de Moebius (representando a forma geral e suas proporções) e uma curva simples (utilizada para derivar os perfis do revestimento).
O primeiro passo para definir a mecânica do programa foi conceber um volume para conter a estrutura. O segundo passo foi o de projetar o sistema estrutural, que suportaria o pavilhão e forneceria um esqueleto para superfície constantemente curva. O Terceiro passo consistia em obter os perfis dos elementos de revestimento e mapeá-los para a superfície curva. Por fim, o passo final resolve cada ponto de ligação dos elementos estruturais e de revestimento numa geometria que pode ser fabricada.
A transferência de informações do projeto do modelo paramétrico para os fabricantes foi solicitada por programas como o Rhinoceros 3D, RhinoNest, RhinoCAM e Solidworks. A variabilidade no comprimento das barras de aço, o tamanho e a forma das tiras de moiré e outros elementos de madeira da estrutura, os ângulos específicos de flexão nas articulações de aço são todos os fatores que requerem a utilização de processos automatizados e de fabricação computacional.
A adaptabilidade do modelo e as ferramentas digitais de fabricação empregada permitiu o ajuste fino de todos os detalhes arquitetônicos, trazendo o modelo virtual mais perto do artefato final construída, apesar de sua complexidade geométrica. As madeiras foram cortadas por uma router CNC e cerca de cem folhas de compensado foram consumidas para reduzir todos os componentes fabricados.
As juntas de aço foram feitas precisamente por um fabricante local de protótipo com capacidade de dobra CNC. Fabricação digital das tiras de madeira, moiré e as articulações de aço permitiram uma montagem de uma armação espacial irregular que poderia adaptar à curvatura variável da superfície. Esta forma não permitiria a produção em massa de peças semelhantes.
Apesar de cada peça poder ser fabricada por uma tecnologia convencional, foi a variabilidade e precisão do processo de fabricação digital, que nos permitiu produzir tantos componentes que, apesar de algum pequeno desvio do modelo digital durante a montagem, ainda se encaixam dentro de suas tolerâncias para produzir a forma.
Conforme o projeto é abordado, o campo visual é interrompido pela interferência do movimento induzido e o visitante toma conhecimento da flutuação óptica da superfície do pavilhão através do efeito moiré. A percepção oscila entre a forma da contínua superfície de Moebius para o padrão de deslocamento dos revestimentos.
A luz é filtrada, reforçando a ambiguidade do lugar. A instalação hesita entre uma aparência de solidez volumétrica relativa e um conjunto de superfícies. É dentro deste aspecto instável que surge um novo local de descanso para sentar, relaxar e pensar. Literalmente fora do ambiente acadêmico, o espaço sugere outra forma de sala de aula contemporânea.
Uma revolução nas ferramentas de modelagem digital permitiu que uma nova geração de designers possam modelar qualquer coisa que sejam capazes de imaginar. Um problema típico com muitos dos desenhos resultantes é que é muito difícil de ultrapassar a superficialidade formal do modelo digital em confronto com as limitações físicas e complicações de construção.
A produção do pavilhão ContemPLAY envolve a questão da aprendizagem, não através da representação de projeto em potencial, mas no questionamento através de decisões. Deste modo, a possibilidade formal e complexidade técnica foram interrogadas por sua fabricação. A equipe do projeto confrontou uma pesquisa de ponta em processos dentro dos muitos desafios de trazer todo o projeto à realidade.
O projeto do pavilhão ContemPLAY começou como um exercício de projeto paramétrico e fabricação digital, e sua forma construída agora existe como uma declaração de arquitetura sobre como resolver a complexidade.
O pavilhão é um dispositivo para investigação provocando reflexão e, até mesmo, conhecimento sobre espaços e objetos em seu ambiente. Ele manipula as percepções dos espectadores através de sua forma geral e os detalhes cuidadosamente dispostos, convidando o usuário a discernir os limites entre o mobiliário público, o abrigo e arte.